sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Attachments, Rainbow Rowell [Opinião]




Título Original: Attachments 
Autoria: Rainbow Rowell
Editora: Orion 
N.º Páginas: 357 

Sinopse
It's 1999 and the internet is still a novelty. At a newspaper office, two colleagues, Beth and Jennifer, e-mail back and forth, discussing their lives in hilarious details, from love troubles to family dramas. And Lincoln, a shy IT guy responsible for monitoring e-mails, spends his hours reading every exchange.
At first their e-mails offer a welcome diversion, but the more he reads, the more he finds himself falling for one of them. By the time Lincoln realises just how head-over-heels he is, it's too late to introduce himself.
After a series of close encounters, Lincoln eventually decides he must follow his heart... and find out if there is such a thing as love before first sight.


Opinião
Verdade seja dita que nem sei bem por onde começar... 
... Este é um daqueles livros que tinha tudo para ser extraordinário – uma premissa divertida e inovadora, um leque de personagens interessante e repleto de potencial, e um retratar de uma época em que ainda se acreditava no ‘fim do mundo’ –, mas tudo o que de bom este romance poderia ter foi fortemente ofuscado por um arco narrativo duvidoso e demasiado estagnado, sem picos na acção, e uma escrita que poderia ser um pouco mais focada, mais no ponto, ainda que o humor característico de Rainbow Rowell esteja presente. Attachments não foi, por isso, nem de perto nem de longe, o que estava à espera, e embora esta seja a obra de estreia da autora confesso que as expectativas estavam em alta – principalmente depois de um Eleanor & Park e de um Fangirl que mesmo com alguns ‘defeitos’ foram leituras muito agradáveis – e a conclusão a que chego é que Rowell é mais assertiva a escrever young adult que adult

Tiro o chapéu à autora pela ideia absolutamente brilhante que serve de base a este livro. Toda a questão ética e moral em torno do trabalho de Lincoln cria uma atmosfera algo opressiva e mesquinha que nos tempos modernos dá ares de seu uso, e o posterior desabrochar de uma série de sentimentos românticos por uma das intervenientes principais transforma toda a situação em algo indiscutivelmente hilariante. 
Lincoln não tem como não ler a troca de emails entre Beth e Jennifer, nomeadamente quando estas persistem em discutir assuntos considerados perigosos pelas políticas da empresa. Assim, e como parte da sua responsabilidade enquanto técnico informático, Lincoln acaba por devorar email atrás de email, história atrás de história, ao mesmo tempo que desenvolve uma pequena obsessão por Beth. 

Feitas as contas, Attachments é o exemplo perfeito de tudo o que um romance cheio de potencial nunca deve ser – divertido no início, aborrecido no meio e em tudo inacreditavelmente abrupto no fim. Ficam as gargalhadas e as tiradas inteligentes do final dos anos 90, a leveza da correspondência entre Beth e Jennifer – ainda que por vezes sejam discutidos temas importantes – e o crescimento da personagem de Lincoln. Este último, no entanto, é possivelmente o pior protagonista criado por Rowell no sentido em que analisando as suas acções – ou falta delas –, os seus pensamentos e desejos, e as suas atitudes, tudo o que fica é uma perspectiva stalker face uma rapariga que está num relacionamento, que ele nunca viu, mas pela qual se apaixona perdidamente. É altamente positivo escrever sobre o mantra de que a aparência não é tudo mas há que delinear limites e neste caso a autora não conseguiu ser bem sucedida – nem na temática do amor ao primeiro parágrafo, nem em todas as outras que aborda, como a questão da amizade, de pais protectores ou de gravidezes interrompidas. 

Digam o que disserem, Attachments poderia ser bom – mas não é. O meio da narrativa estende-se por demasiado tempo, com descrições breves mas numerosas de situações que oferecem muito pouco ou nada à história e que no virar da última página não ganham qualquer sentido ou significado. E o fim... Nem vamos falar de um final que se resumiu em cinco páginas e que não tem nexo. Porém, suponho que os finais sejam o calcanhar de Aquiles de Rowell – basta ler Eleanor & Park... 

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