sábado, 10 de outubro de 2015

Prometes Amar-me?, Monica Murphy [Opinião]




Título Original: Three Broken Promises
Autoria: Monica Murphy 
Editora: Topseller 
N.º Páginas: 256

Sinopse
Compromisso. É isso que eu quero do Colin. Desde que o meu irmão Danny morreu em combate que ele me tem ajudado imenso. Até me deu emprego no seu restaurante requintado para que eu pudesse deixar de ser uma simples empregada de mesa num clube de strip de quinta categoria. Mas confortá-lo quando ele tem os seus horríveis pesadelos, ainda que me permita estar junto dele na cama, já não me chega. Eu sei que ele se sente culpado pela morte do Danny, por não o ter acompanhado, mas não posso continuar a ter esta vida dupla.
Amo-o desesperadamente, mas ele enfrenta demasiados demónios. E se não se abrir comigo agora, nunca será o companheiro ideal que eu preciso que ele seja. Dei-lhe um mês e agora vou-me embora. Se ele me amar como diz que ama, saberá onde me encontrar.


Opinião
Quando o tempo é contado não há nada como uma daquelas leituras que se percorrem num sopro para descontrair e relaxar em mundos ficcionais e tão, tão diferentes do que nos rodeia. Monica Murphy é excelente a criar histórias simples e fluídas, emocionalmente intricadas, que agarram o leitor da primeira à última página deixando-o desejoso pelo desfecho que já conhece mas que, ainda assim, não deixa de o surpreender. Prometes Amar-me?, no entanto, mostra uma vulnerabilidade que não estava à espera, e uma aproximação ao real, no que diz respeito a conflitos internos, que me arrebatou por completo. 

Se o elevar da relação entre Drew e Fable foi complicado então o que une Colin e Jen é brutalmente impossível. Os laços que ligam estas duas personagens são fortes, antigos, e os sentimentos que nutrem um pelo outro, o carinho, a amizade, o apoio, são incondicionais e de uma intensidade tal que transpõe a página – porém, o ser humano é conhecido por ser teimoso e não há exemplos mais perfeitos disso mesmo que Colin e Jen. 
Danny foi uma casualidade da guerra. Para Jen, a morte prematura do irmão resultou na destruição e abandono da sua família, na redução do seu eu a algo, ou alguém, que desconhece, que necessita de ajuda, que não sabe como esquecer um passado que a atormenta embora o presente – e talvez o futuro – se mostrem um pouco mais risonhos. Para Colin, o desaparecimento do seu melhor amigo é como um sentimento de culpa corrosivo, que mói e mata por dentro, que o faz sentir-se protector de Jen. Danny não é tudo o que une Colin e Jen, mas é o elemento que os impossibilita de ter mais, de querer mais, de lutar por mais do que a relação de amizade, e de patrão-empregada, que levam. 

Foi incrivelmente bom presenciar um lado mais suave e frágil de Jen, uma personagem que no romance anterior se mostrou destemida e fria. Gostei bastante da sua vulnerabilidade e espírito selvagem, da sua vontade em querer descobrir o que mais a vida lhe pode oferecer, do seu desespero em afastar-se de um passado que a persegue. Já Colin deixa-se levar pelos demónios que insistem em derrubá-lo, em povoar-lhe os sonhos, em relembrá-lo do que perdeu, e do que pode vir a perder caso não faça algo, caso não mude a sua atitude, caso não coloque de lado o que de mal e errado existe na sua vida e agarre o que de bom, o que de alegre e apaixonante tem na sua frente. 

Gostei imenso das personagens de Prometes Amar-me?, da complexidade dos seus sentimentos e de toda a dubiedade em torno das suas emoções e pensamentos, acções que os tornam quase humanos, quase nós. Porém, penso que Murphy não foi tão bem sucedida no que diz respeito ao desenrolar da acção desta história, ao deixar-se extensamente focar nas questões internas dos protagonistas, nos sins e nos nãos, nos faço e nos não faço, nos quero ir-me embora, tenho de me ir embora e nos tenho de mudar, talvez este e aquela me ajudem a mudar, o que resultou num enredo repetitivo, por vezes um pouco pesado e nada próprio do que a autora nos acostumou até agora. Esta falha em termos do arco que serve de base à narrativa teve, para mim, influência no final e no grande momento de toda a obra que acabou por se mostrar demasiado rápido e brusco, quase desprovido de emoções e contradições, e até um bocadinho cliché

Continuo uma grande fã de Monica Murphy. Murphy é uma das autoras a quem recorro quando preciso de algo leve e divertido, histórias que me façam sorrir e esquecer, que me embalem e me encantem – mas Prometes Amar-me? podia ter sido tão mais, tão melhor. Somente posso esperar que a história de Owen volte aos primórdios deste quarteto e mostre mais complexidade estrutural, mais riscos por parte da autora, mais intriga e variedade de situações. Estava à espera de mais, de algo diferente até, confesso, mas não posso dizer que não gostei – somente não correspondeu às minhas expectativas. 

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