domingo, 30 de junho de 2013

As Cinquenta Baboseiras de Toni, Rossella Calabrò [Opinião]




Título Original: Cincuenta Sombras de Gregorio
Autoria: Rossella Calabrò
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 131
Tradução: Ana Maria Pinto da Silva


Sinopse:

O senhor Grey é lindo, rico, sensível, misterioso e sexy. E é o protagonista do fenómeno literário do ano: a trilogia As Cinquenta Sombras de Grey. Há só um problemazinho, este senhor Grey não existe. E o Toni? O Toni claro que existe. Onde o Grey conversa garbosamente com a amada, o Toni recita o alfabeto inteiro arrotando. Quando o senhor Grey assume o comando, o Toni pega no comando. Se o senhor Grey toca de forma magistral piano, o Toni fica escarrapachado no sofá. O Toni, em suma, é o nosso companheiro/marido/amante, com quem nos encontramos à frente no exacto momento em que paramos de sonhar acordadas com o fatal Grey literário. Menos fascinante, mas muito mais divertido e com pelo menos cinquenta razões narradas neste livro hilariante. O Toni esconde-se dentro de T-shirts decoradas a gordura (de carne assada), e em vez da leitura refinada, prefere o último número do jornal A Bola. Bem, há qualquer coisa que falta ao senhor Grey: ser amado por provocar um sorriso. Por isso, se depois de lermos de um só fôlego a trilogia de E. L. James, nos perguntarmos quem é o exemplar de homem que ressona alto ao nosso lado, este é o livro certo para descobrir. E o mais importante, para rir. Porque, afinal, o riso é a coisa mais erótica que existe.


Opinião:

Movida por uma curiosidade quase mórbida, não resisti a experimentar uma leitura que sabia, à partida, não só ser única e absolutamente diferente das demais que têm vindo a preencher, com avidez, as prateleiras hoje em dia, como, e em igual medida, futuro alvo de polémica, de ebulição por parte de (algumas) fãs—acérrimas, por sinal—da muito afamada trilogia As Cinquenta Sombras de Grey. É que mais do que um pequeno—grande—livro que satiriza muitos dos elementos e atitudes que personificam a personagem de Christian Grey, esta obra enfatiza (também) a ideia errónea que muitas mulheres construíram do seu príncipe encantado, confrontando-as, assim, com a personalidade—e, às vezes, a falta dela—de Toni, um homem do mundo real.

As Cinquenta Baboseiras de Toni trata-se de um misto de situações e reacções comuns que visam clarificar a ideia de que o companheiro perfeito, pura e simplesmente, não existe, e de que o Mr. Grey não passa, nem nunca passará, de um objecto de ficção—e de adulação—que muitas leitoras somente poderão guardar no seu íntimo, talvez até com uma certa saudade. Mas o mais hilariante deste romance é precisamente a sensatez e sentido mordaz com que a autora, Calabrò, encara cada momento importante e decisivo, e cada resposta tresloucada que Toni oferece a Tina, mesmo sendo ela (a autora), também, uma apreciadora do trabalho que James transformou num gigantesco êxito de vendas.
Rossella Calabrò foi, portanto, uma estreia que não só me proporcionou inúmeras ocasiões de diversão pura, como, e também, uma surpresa na medida em que, mesmo estando à espera de uma abordagem algo diferente ao tema encontrado, em nenhum aspecto o seu estilo, como escritora, o seu imaginário e/ou a sua linguagem representaram uma desilusão. Simples, directa e cáustica, Calabrò entrega, aqui, o que de melhor brinca com um tema que tem vindo a provocar, cada vez mais, respostas contraditórias por parte dos leitores.

Este livro é, sem sombra de dúvida, uma obra que tem—antes de mais—de ser folheada para, então, ser plenamente compreendida por quem a lê. É que palavras descritivas do que se poderá encontrar, no seu conteúdo, de pouco ou nada servirão pois, a meu ver, é praticamente impossível colocar em meras frases a hilaridade tangente e pulsante presente em cada uma das baboseiras enumeradas por Calabrò. E estas são, decididamente, do mais diversificadas possível. Desde as pancadinhas de amor que o Sr. Grey exerce na sua Ana (e o modo como Toni encara esta delicadeza insinuante), à forte insistência relativamente à alimentação, a autora não deixou escapar um único pormenor, um único detalhe, e é simplesmente bela a forma como tudo se encaixa com naturalidade, e realismo, fora de um campo ficcional tantas vezes enganador.

Gostei bastante deste livro de bolso pelo mote descontraído e simples que o rodeia, e pelo facto de me ter entretido durante pouco mais de uma hora, tendo-o folheado rapidamente e com avidez, sem nunca ter necessidade de despregar os olhos das suas páginas. O tom suave e divertido é o seu maior trunfo, e as comparações entre o Grey que conhecemos dos livros e o Toni com que lidamos na realidade são, absolutamente, geniais. Tenho pena de não poder escrever muito mais sobre As Cinquenta Baboseiras de Toni sem, dessa forma, divulgar todas as pequenas surpresas que transformam esta leitura num sucesso de sorrisos, pelo que me resta, somente, referir que esta tanto pode ser uma trama divertida como, para alguns, extremamente «repugnante», na medida em que, para aqueles que vêem em E. L. James e no seu Mr. Grey uma fonte de inspiração e desejo, este não será, certamente, livro que quererão ler, mas para todos os outros curiosos—como eu—no mínimo, será enredo que arrancará uma ou outra gargalhada.

Uma aposta bem diferente e original por parte da Planeta Manuscrito, numa autora até então, para mim, desconhecida, mas detentora de um sentido de humor revigorante e muito transparente, contagiante mesmo.  Gostei.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Passatempo «Espera por Mim», Gayle Forman


Em colaboração com a Editorial Presença, o Pedacinho Literário tem o prazer de oferecer um exemplar de uma das continuações mais aguardadas no romance contemporâneo YA, Espera por mim, da autora Gayle Forman.

Para participar e se habilitar a ganhar este fantástico prémio, basta que responda correctamente às questões que se encontram no formulário em baixo, e que preencha todos os campos obrigatórios.
Por favor, tenha em atenção das regras do passatempo!

As respostas às questões podem ser encontradas aqui e/ou aqui/Editorial Presença!

Regras do Passatempo:
1) O Passatempo decorrerá até às 23h59 de 2 de Julho (terça-feira)
2) Só é válida uma participação por pessoa e/ou e-mail.
3) Participações com respostas incorrectas e/ou dados incompletas serão automaticamente anuladas.
4) O vencedor será sorteado aleatoriamente pela administração do blogue, será posteriormente contactado por e-mail e o resultado será anunciado no blogue.
5) Só são aceites participações de residentes em Portugal Continental e Ilhas.
6) A administração do blogue não se responsabiliza pelo possível extravio, no correio, de exemplares enviados por si e/ou pela editora em questão.


Boa sorte a todos!

terça-feira, 25 de junho de 2013

Segredos para um final feliz, Lucy Dillon [Opinião]




Título Original: The secret of happy ever after
Autoria: Lucy Dillon
Editora: Porto Editora
Nº. Páginas: 464
Tradução: Cláudia Ramos


Sinopse:

Quando Michelle convida Anna para gerir e fazer renascer a moribunda livraria de Longhampton, é como se um sonho se tornasse realidade: para além de conquistar, finalmente, alguns momentos de paz longe das enteadas problemáticas e do dálmata hiperativo, Anna é uma sonhadora completamente apaixonada por livros.
Serão as histórias de amor, aventuras, jardins secretos, cães perdidos, bruxas malvadas e pêssegos gigantes a trazer nova vida à negligenciada loja. Anna e os seus clientes/leitores vão deixar-se levar pela magia. E nem a melhor amiga de Anna – a organizada e empreendedora Michelle, que diz categoricamente não acreditar no amor verdadeiro nem em príncipes encantados – ficará imune ao espirito love is in the air.
Mas quando alguns segredos da infância de Michelle voltam para a atormentar e o fracasso familiar paira sobre Anna, poderá a sabedoria das histórias de encantar ajudar as duas amigas – e aqueles que elas amam – a encontrar os seus próprios finais felizes?


Opinião:

Gosto de um bom livro aconchegante. De uma história que se destaque pela beleza da escrita e pelas imensas voltas e reviravoltas do enredo, mas que, no final, me deixe com um sorriso perpétuo nos lábios. Acima de tudo, gosto de percorrer vivências incompletas que buscam, fervorosamente, aquele pedacinho de felicidade, de aceitação, de conforto que, demasiadas vezes, vemos escapar-nos das mãos. Este livro é assim... purificante, enternecedor, um autêntico bálsamo para a alma.

Segredos para um final feliz é, definitivamente, um romance de pormenores, de vidas que, embora não perfeitas, nunca perfeitas, são comuns, e, por isso, deixam uma marca, uma réstia de esperança, um consolo para todos aqueles que desistem ao primeiro obstáculo, que se resignam com um «não» e que, muitas vezes, se renunciam de procurar o que os faz feliz.
Lucy Dillon foi uma estreia profundamente avassaladora. A sua escrita é pontuada por uma beleza e ritmo incríveis, sustentando-se ora na essência dos problemas que as suas protagonistas vivem e encontram, ora na complexidade que o próprio futuro, e também o presente, acarreta. As suas descrições são de se louvar aos céus e a magnitude que confere a cada personagem, aperfeiçoando os detalhes, esculpindo as várias facetas, é absolutamente cativante.

O começo de cada capítulo, em Segredos para um final feliz, é como um novo despertar literário para todas aquelas narrativas que outrora conhecemos, e todas aquelas figuras que, com certeza, viremos a descobrir mais para a frente, numa compilação de pequenos cartões, pequenas recordações e pedaços de memórias, sugestões, não só dos próprios intervenientes ficcionais do enredo em si, como, e atrevo-me a dizer, do gosto pessoal da autora—algo que acho magnífico. Mas uma verdadeira história de encantar, para leitores experientes, tem obrigatoriamente de possuir um leque interessante de personagens, e este romance, sem dúvida, transborda excelência também nesse aspecto.
Anna e Michelle captaram por completo a minha atenção. Os constantes dilemas que a primeira enfrenta, e o seu forte desejo de ser mãe, assim como o passado turbulento que a segunda se esforça por esconder por detrás de uma personalidade mais rígida e controladora, são situações, pessoas, que facilmente poderiam existir no meu círculo de amigos. Presenciar o desenvolvimento e desabrochar de ambas, através das suas paixões e medos, foi indiscutivelmente mágico, e ainda sentir a companhia de outras presenças singulares como Pongo e Tavish—adorei a abordagem canina da autora—, as irmãs Lily, Chloe e Becca—de feitios tão distintos—ou até o próprio Owen, Rory ou Evelyn, foi como a cereja no topo de um bolo já incrivelmente apetitoso.

Um livro especial, construído de afectos, é como vejo Segredos para um final feliz. Não estou certa de que contenha, por entre as suas muitas páginas, e pelo menos não abertamente, a fórmula secreta para o eterno happy ending que todos nós buscamos, mas acredito, e isso sim, que, com as várias mensagens que transmite e os diversos ensinamentos que oferece, indica o princípio absolutamente necessário, a abertura imprescindível, para a sobrevivência a uma vida que, nem sempre, é justa ou fácil. Mas, estar-se vivo é isso mesmo, é chorar com os amigos, sorrir com a família, descontrair com aquilo de que mais gostamos e, claro, reconciliarmo-nos com a ajuda ao outro que, muitas vezes, demasiadas vezes, fica esquecida.

Gostei particularmente das existências paralelas ao enredo principal que a autora, Dillon, tão sabiamente vai reproduzindo um pouco ao longo de toda a história. A Butterfields, por exemplo, e tudo o que ela significa enquanto instituição, marcou-me sobremaneira. É deveras poderoso assistir, ainda que superficialmente, à solidão insistente sentida em idade mais avançada, quando a nossa mente e o nosso corpo já não funcionam em uníssono, e quando a responsabilidade que antes sabíamos ter por nós mesmos deixou, simplesmente de existir. Enterneceu-me a percepção que Michelle acabou por retirar deste casulo exteriormente belíssimo, e o modo como essa destreza de pensamento, com o tempo, se foi materializando numa mudança (gradual) de atitude e confiança, que, por sua vez, culminou numa renovada, e mais aberta, personalidade errante. Mas também Anna aprendeu com as pessoas à sua volta, com as gravidezes constantes, com os comportamentos indisciplinados e com as incontáveis sensações desconfortáveis por se «estar a mais» ou «se ser dispensável»—e isso faz-me pensar: não foi bonita a forma como cada peça, no final, acabou por encaixar no seu devido lugar?

Porém, de entre um livro tão mágico e prestigioso quanto este, arrepiante na veracidade com que aborda uma série de temáticas—como a reacção quase humana de um animal face a morte do seu dono, ou a impossibilidade, não física mas familiar, social, de ver realizado o sonho de se ser mãe, ou ainda, a angustia da solidão, o desespero da incompreensão alheia e a surpresa de uma nova vida—seria de esperar que lhe atribuísse nota máxima, mas, inacreditavelmente, tal não me é possível fazer pois, para mim, este é, de facto, um livro extremamente interessante e diferente, romântico, mas com a falha de, por vezes, se tornar demasiado «grande», demasiado extenso. Não é que os seus acontecimentos não estejam bem narrados ou se encontrem exprimidos ao máximo, não, mas, mais do que uma vez, deparei comigo mesma, principalmente a caminho do final—que foi esplêndido!—com o pensamento: mas o que será que mais poderá acontecer? Que mais há a contar?

Ainda assim, esta foi uma leitura que, de certo modo, me encheu as medidas e que me deixou curiosa com o outro título da autora publicado por cá, também aposta da Porto Editora, Corações sem Dono. Não se trata de um romance perfeito, mas é, e isso sem dúvida, um dos que mais gostei dentro do seu género—especial destaque para a capa, que é adorável!. Dillon tem um toque muito especial, único, para contar histórias, e isso nota-se em cada uma das suas páginas. Muito bom.


Passatempo «Anna e o Beijo Francês», Stephanie Perkins


Em colaboração com a muito estimada Quinta Essência, o Pedacinho Literário tem o prazer de oferecer um exemplar de um dos romances YA mais bonitos que tive o prazer de ler, Anna e o Beijo Francês, da autora Stephanie Perkins.

Para participar e se habilitar a ganhar este fantástico prémio, basta que responda correctamente às questões que se encontram no formulário em baixo, e que preencha todos os campos obrigatórios.
Por favor, tenha em atenção das regras do passatempo!

As respostas às questões podem ser encontradas aqui e/ou aqui!

Regras do Passatempo:
1) O Passatempo decorrerá até às 23h59 de 1 de Julho (segunda-feira)
2) Só é válida uma participação por pessoa e/ou e-mail.
3) Participações com respostas incorrectas e/ou dados incompletas serão automaticamente anuladas.
4) O vencedor será sorteado aleatoriamente pela administração do blogue, será posteriormente contactado por e-mail e o resultado será anunciado no blogue.
5) Só são aceites participações de residentes em Portugal Continental e Ilhas.
6) A administração do blogue não se responsabiliza pelo possível extravio, no correio, de exemplares enviados por si e/ou pela editora em questão.


Boa sorte!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Pedacinho picks... Editorial Presença


Lembram-se de um romance chamado Se Eu Ficar? Se não estou em erro, foi dos primeiros títulos a serem publicados numa das minhas chancelas favoritas, da Presença, (quase) exclusivamente dedicada a histórias YA, e uma coisa vos digo, foi uma leitura que não só adorei, como me marcou sobremaneira. Ainda me recordo de alguns elementos da narrativa, mesmo ao fim de todo este tempo, e acreditem que estava mais do que ansiosa pela edição da continuação daquela história de que tanto gostei, ou seja, deste livro. 
Espera por Mim, a escolha da Pedacinho, para o corrente mês de Junho, com carimbo Editorial Presença.

Espera por mim
Gayle Forman

Sinopse: 
Passaram três anos desde que o amor de Adam ajudou Mia a recuperar após o trágico acidente que vitimou a sua família - e três anos desde que Mia decidiu afastá-lo da sua vida sem lhe dar explicações. Quando uma noite os seus caminhos se cruzam na cidade de Nova Iorque, ambos têm a oportunidade de se confrontar com os fantasmas do passado e de abrir o coração ao futuro. Mas conseguirão perdoar-se um ao outro antes de cada um ter de regressar à vida tal como a deixaram?

Sobre a autora:
Gayle Forman é uma autora premiada e uma jornalista cujos artigos foram já publicados na Cosmopolitan, Seventeen e Elle, entre outras revistas. O seu livro anterior, Se Eu Ficar, também nesta colecção, foi considerado um dos melhores livros juvenis de 2009 pela Amazon e pela Publishers Weekly e os seus direitos cinematográficos foram adquiridos pela Summit Entertainment, o estúdio que produziu Crepúsculo
Gayle Forman vive em Brooklyn com a família. 




Resultado do Passatempo «Sonhos Esquecidos», Josephine Angelini


Hoje começamos a semana com o resultado de um passatempo que, aposto, estão desejosos de saber quem foi/é o premiado. Assim, a sorteio esteve um exemplar do segundo volume de uma das minhas trilogias do fantásticos favoritas (lida este ano), Sonhos Esquecidos, da fabulosa autora Josephine Angelini. E com o apoio muito estimado da Planeta Manuscrito, o Pedacinho tem o prazer de oferecer este título a...:

102. Maria Adelaide (...) Luís

Muitos parabéns à feliz contemplada!
Espero que esta seja uma leitura que a leve para mundos extraordinários, onde os deuses e os seus filhos caminham em conjunto com os humanos. 
Aos que ainda não ganharam, calma... ainda hoje será lançado um passatempo novo. 

Até já!

sábado, 22 de junho de 2013

Adding to the Pile (7)


Prometo que estou a fazer (e que continuarei a fazer) um esforço para colocar esta rubrica não só em ordem como, e principalmente, em dia, e não imaginam vocês, qual o meu espanto, quando me apercebi que tenho, efectivamente, livrinhos datados ainda do mês de Abril para vos motrar! Mas sem stresses, farei o meu melhor para, ao longo das próximas semanas, ir colocando algumas fotografias, aqui e ali, para vocês verem. Entretanto, irei juntar novidades com aquisições um pouco mais antigas, para que a coisa fique mais interessante. 
Assim... deixo-vos com os primeiros miminhos!



Insurgente
Veronica Roth
Oh, o que vos dizer sobre esta continuação de uma das trilogias distópicas que é, e será, certamente, por muito tempo, das melhores entre o seu género. Como algumas outras meninas que conheço, tenho alguns problemas com segundos volumes de trilogias, mas este superou tudo o que alguma vez poderia ter imaginado para Tris e Four. Sem dúvida, fará parte do meu top de leituras deste ano. Muito, muito bom. 


Anna e o Beijo Francês
Stephanie Perkins
(Ainda) fico com os olhinhos a brilhar de toda e cada vez que penso, relembro, digo o nome deste livro. Não vos consigo expressar o quanto o amei, o quanto mexeu comigo, o quão rápido o devorei nem o quão mortinha estou por ler o outro livro da autora até então publicado, no original Lola and the Boy Next Door. Por favor, leiam! A capa pode não ser muito apelativa, mas, confesso, com o tempo tem vindo a tornar-se uma das minhas favoritas, para além de que contém, nas suas páginas, uma história absolutamente mágica - e que combina, na perfeição, com a vibe da capa. 


Amor e Enganos
Julia Quinn
Oh, Quinn, Quinn, o quanto eu te venero! Se há série de época que sigo ardentemente, é esta - Bridgertons. Há qualquer coisa na escrita desta autora, no humor que confere às personagens e na excentricidade com que todas as figuras pontuam a sua presença que, simplesmente, me tem mantido cativa do seu talento. Gosto, gosto muito, e agora só me resta esperar pelo romance de Colin - que será já o próximo!


Delírio
Lauren DeStefano
Outra autora com um segundo volume, numa trilogia, de fazer crescer água na boca. Deste então é que não estava mesmo nada à espera, a nível de surpreender, embora DeStefano aborde temáticas sociais, políticas e distópicas de grande, grande interesse. Foi mais uma das leituras, deste ano, à qual fiquei rendida. O meu único problema vai mesmo para a capa, que não acho tão apelativa quanto a anterior, que é fantástica. 


A Rapariga de Papel
Guillaume Musso
Já uma vez li um livro deste autor, cuja opinião podem encontrar nos primeiros tempos do blogue, do qual gostei imenso. Com a aparição desta novidade, soube, cá bem no íntimo, que não poderia perder a oportunidade de voltar a saborear os encantos de Musso. Mais do que presença obrigatória na estante, este é um livro que espero, quero, ler muito em breve, pois toda a questão de personagens fictícias que ganham vida é algo que me atrai sobremaneira. 


Destinos Interrompidos
Lissa Price
Pode parecer um pouco estranho, pois já ando com este livro há algum tempo, mas ainda não tive oportunidade de o terminar a sério. Pretendo colmatar esse erro o quanto antes, pois recordo-me do pouco que li e do quanto gostei. Mas, principalmente, o facto de ter estado frente a frente com a autora e de discutir, com ela, alguns dos seus conceitos e ideais tornou a história ainda mais atractiva aos meus olhos. Vá, será já na próxima semana que o termino. Juro!


Ritual de Amor
Nora Roberts
Admito que não é autora que me apele por aí além, mas gostei bastante do anterior volume desta sua trilogia sobrenatural, pois li-o de uma só assentada, quase, e, por isso, decidi que tinha mesmo, mesmo de saber o que é que se passa de seguida. Infelizmente, o casal protagonista deste segundo livro não é, de todo, o meu favorito, mas estou confiante de que, na mesma, será uma leitura agradável. Mal posso esperar!


pedacinhos de histórias fantásticos, não concordam? Estou bastante satisfeita com estas aquisições e ainda mais por, finalmente, vos poder apresentar, em imagens, livros que já foram lidos e que, consequentemente, se encontram opinados no blogue (ou, pelo menos, a sua grande maioria). 

Mas, e vocês, o que é que, de entre estes, gostariam de ler?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pedacinho picks... ASA


Ainda não li o primeiro volume desta série, é bem verdade (shame on me!) mas vontade, posso garantir-vos, não me faltainfelizmente já não posso dizer o mesmo sobre tempo disponível. Mas sem complicações! Sei que o lerei em breve, não só porque acho as capas absolutamente espectaculares, mas também porque a curiosidade, mais cedo ou mais tarde, acabará por levar a melhor de mim. 
Sacrifício de Sangue, mais uma das escolhas da Pedacinho, para o corrente mês de Junho, com carimbo ASA (/Lua de Papel).

Sacrifício de Sangue
Kristen Painter

Sinopse:
O sangue de Chrysabelle é rico, puro e poderoso... Ela é uma comarré que ousou desafiar o destino. Chrysabelle nunca imaginou que a liberdade teria um preço tão alto. Estranhos acontecimentos afastaram-na de Malkolm, o vampiro renegado a quem prometeu ajudar a quebrar uma maldição. Mas não por muito tempo, pois a atracção que os une é mais forte. Para o salvar, Chrysabelle precisa de encontrar a única pessoa que pode ter a resposta: a Aureliana. Nada parece demover a comarré, nem mesmo quando descobre que cumprir a promessa exige um sacríficio de sangue, do seu próprio sangue. 
A chegada do enigmático Thomas Creek a Paradise City, também ele atraído pelo poderoso e inebriante sangue da comarré, vai arrastá-la para um perturbante triângulo amoroso. Dividida entre a promessa que fez a Malkolm e que lhe pode custar a vida, e o caminho de luz que Creek lhe tem para oferecer, ela terá de escolher...

Sobre a autora:
Kristen Painter foi professora de inglês e é autora de numerosos romances de fantasia e paranormal. Tem no seu currículo várias nomeações para os prémios Golden Heart e louvores de alguns escritores bem conhecidos como Patricia Briggs ou Gena Showalter. Kristen, que já viveu em Nova Iorque, mudou-se para a Florida, onde reside actualmente com o marido. Para dar cor às suas histórias recorre várias vezes às suas próprias experiências e à época em que trabalhou no mundo da moda, na Christian Dior, ou como maître para a Wolfgang Puck. Foi ainda Personal Trainer.

sábado, 15 de junho de 2013

Anna e o Beijo Francês, Stephanie Perkins [Opinião]




Título Original: Anna and the French Kiss
Autoria: Stephanie Perkins
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 283
Tradução: Filipa Aguiar


Sinopse:

Anna Oliphant tem grandes planos para o seu último ano em Atlanta: sair com a melhor amiga, Bridgette, e namoriscar com um colega no cinema onde trabalha. Por conseguinte, não fica muito contente quando o pai a envia para um colégio interno em Paris. As coisas começam a melhorar quando ela conhece Étienne St. Clair, um rapaz deslumbrante - que tem namorada. Ele e Anna tornam-se grandes amigos e as coisas ficam infinitamente mais complicadas. Irá Anna conseguir um beijo francês? Ou algumas coisas não estão destinadas a acontecer?


Opinião:

Existem livros que, talvez pelo momento em que lhes pegamos ou pela história que nos contam, simplesmente nos marcam. Confesso que, ultimamente, tenho tido uma sorte extraordinária nas leituras que escolho—de uma forma ou de outra, estas têm sido todas especiais, únicas, e sem dúvida tocantes. Quanto a este romance em particular, de uma autora que há muito aspirava descobrir, somente posso tentar expressar o quanto o seu enredo simples mas profundo me deixou, irrevogavelmente, rendida. Seja por uma Paris de beleza absoluta, por um estrangeiro que não se enquadra em nenhuma das suas nacionalidades ou vivências, ou, puramente, por um amor que se vê desejado num dos pontos mais famosos da Cidade Luz, seja por que for, pelo que for, esta foi—é—uma narrativa que já encontrou um lugar muito especial neste meu coração de leitora, e que por ainda mais tempo lá permanecerá.

Anna e o Beijo Francês é como o apertar inesperado da saudade por algo que foi deixado para trás, e o medo irrepreensível do desconhecido que se apresenta à nossa frente, repleto de mil e uma possibilidades diferentes—tudo isto, acompanhado pela mais requintada pâtisserie do mundo. E embora numa vertente mais YA—jovem adulta—, este livro é um autêntico mimo, que aquece o peito por dentro, nestas noites por vezes demasiado frias, e deixa o coração apertadinho face as inevitabilidades de algo tão natural como o amor.
Stephanie Perkins foi uma surpresa por demais maravilhosa. A sua escrita simples e algo poética conjuga, na perfeição, com a beleza inerente da própria Cidade do Amor, neste romance retratada com esmero e curiosidade. Os seus diálogos jovens e inteligentes dão, muitas vezes, origem a toda uma série interminável de momentos imensamente divertidos e invulgares, mas são as suas descrições dos dissabores sentidos, dos desejos pulsantes e, até, dos lugares vividos que verdadeiramente captaram a minha atenção, enquanto leitora. A verdade é que, mesmo ainda a suspirar por esta história, mal posso esperar por visitar, por experimentar, a Paris pintada pelos olhos de Anna.

Anna Oliphant é uma jovem de dezassete anos como qualquer outra, o problema é que foi esquecida numa realidade diferente, abandonada num continente desconhecido, num país culturalmente insondado e numa das mais belas e românticas cidades do mundo. Os seus medos encontram-se presentes à flor da pele, prontos a alastrarem-se por todo o seu corpo, e os seus receios de não se conseguir integrar, os temores de ter de enfrentar tamanha mudança sozinha, longe dos seus amigos, longe da sua família, longe de tudo o que alguma vez conheceu, não são nada quando comparados com as portas que, posteriormente, lhe serão abertas—a da independência e a do amor. Mas, também a amizade é um sentimento, uma união que decide interferir no seu destino, e, ao bater-lhe à porta nessa inconfortável primeira noite, deixa somente uma mensagem: a de que nada voltará, alguma vez, a ser o mesmo. E não mais o foi.

Étienne St. Clair será o beijo francês—ou deverei dizer americano? Inglês?—que Anna não será capaz, nunca, de esquecer ou parar de desejar, de sonhar com. E a revolução que este singelo mas apaixonante rapaz provoca no seu espírito, no seu intimo, é tão especial e carinhosa, tão bonita, que é um completo prazer assistir ao desenrolar gradual e profundo de uma amizade inteiramente avassaladora. É que St. Clair—Étienne—é uma personagem absolutamente transcendente, que sabe o que dizer ou fazer nos momentos certos, que sabe como agir, como proceder, como acompanhar uma Anna que, inexplicavelmente, lhe toca no coração. Dono de uma inteligência, sabedoria e dedicação incríveis, St. Clair chegará, sem dúvida, a muitas leitoras mas será o seu lado mais vulnerável, mais sentimental, o que o tornará no perfect book boyfriend de muitas delas.

Como não só de personagens principais se faz um bom romance, também figuras mais secundárias desempenham aqui um papel de extrema importância, nas visões de um grupo de adolescentes brilhantes e tão, tão invulgares que rapidamente se tornam distintos. Mer é maravilhosa pela personalidade vibrante e genuína que apresenta. Amiga do seu amigo, e secretamente apaixonada por St. Clair, a sua bênção e estima serão de um valor incalculável para Anna que, também secretamente, assistirá a uma possível ruptura com aquela que demonstrou mais simpatia para consigo. Rashmi e Josh são o casal imperfeito que cativa qualquer um, Rashmi pela irreverência do seu intelecto e língua um pouco mais afiada, e Josh pelo talento inerente que possui nas suas mãos, e que transparece na sua arte. Por fim, Ellie, que mesmo não tendo uma presença muito activa, ainda assim não consegue exercer influência negativa o suficiente para criar o ódio que seria esperado tendo em conta os desenvolvimentos assistidos ao longo do enredo. Ambígua mas com o um certo je ne sais quoi, é interveniente que deixa uma dada ambiência no ar e que, ainda fisicamente ausente, marcará, com sagacidade, a história de Anna e St. Clair—Étienne!

O cenário parisiense encaixa, na perfeição, neste romance. As suas estreias, os cinemas ao virar da esquina, as inúmeras iguarias gastronómicas, os monumentos históricos que embalam a cidade... tudo é perfeito, e tudo é mágico. Perkins captou a essência de Paris com uma graciosidade e elegância incríveis, ao ponto de, por diversas vezes, sentir que a própria cidade era como uma personagem activa no decorrer da trama.
Também as temáticas abordadas foram alvo de pequenos apertos no coração. O sofrimento de se ser forçado a permanecer distante de um parente querido que sofre de uma doença (que pode se tornar) fatal; o pânico entorpecido de nos encontrarmos sozinhos numa cidade desconhecida, longe de tudo o que amamos; o desespero de nutrir sentimentos que vão, em muito, para lá da amizade por alguém que não pode ser nosso; a alegria e o conforto que o apoio genuíno entre amigos, verdadeiros amigos, pode criar, transformando-nos em pessoas invencíveis; e, claro, os conflitos familiares que muitas vezes nos cortam as asas e nos impedem de voar, de ser livres. Embora com uma leveza incrível, Anna e o Beijo Francês possui uma profundidade sublime, extraordinária, que acredito poder somente ser encontrada quando lida por entre as linhas, quando compreendida não na mente mas no coração, nos sentimentos, nas emoções.

Quanto a mim, é-me praticamente impossível, após terminar esta leitura, não desejar, ardentemente, conhecer a França de Anna. Mesmo com uma extrema influência americana, mesmo com um sotaque—por vezes até cerrado—inglês, mesmo com um francês absolutamente redundante e quase inexistente. Mas sem dúvida de que se trata de uma França especial, de uma Paris única, deslumbrante, e cheia de oportunidades. Contudo, também a paixão de Anna pela arte cinematográfica me enterneceu, pois, em tantas ocasiões, em muitas mais do que aquelas que alguma vez poderia referir, vi-me a mim mesma na pele de Anna, no intelecto de Anna, nos desejos de Anna. Foi bom, ainda que breve, encontrar uma alma—embora literária—com um amor e uma compreensão tão espectacularmente semelhantes ao que eu mesma sinto pelo cinema.
Adorei a beleza idílica deste romance e de todas as suas nuances de amor e amizade, de desgosto e de sorrisos, de medos e de obstáculos, de cultura e de beijos roubados mas, acima de tudo, de enganos, de erros e de medos, mas também de alegrias e paixões imprevisíveis. Espero um dia experienciar a França—a Paris!—de Anna. Quem sabe, num futuro próximo?

Uma aposta deliciosa por parte da Quinta Essência, que cativa agora os leitores mais jovens com romances de enternecer o coração, mas sempre sem descurar todos os outros que poderão encontrar aqui, também, uma fonte de prazer literário.

Pedacinho picks... Porto Editora


Nunca li nada da autora, confesso, mas quando o primeiro romance de Dillon foi publicado por cá, há cerca de dois anos, recordo-me de ter lido várias opiniões muito positivas, pelo que, com este recente lançamento, pensei: e porque não experimentar? Estou muito, muito curiosa e com uma vontade louca de lhe pegar, pois só o facto de referirem uma livraria na sinopse foi mais do que razão para me deixar rendida. 
Segredos para um final feliz, uma das escolhas da Pedacinho, para o corrente mês de Junho, com carimbo Porto Editora. 

Segredos para um final feliz
Lucy Dillon

Sinopse: 
Quando Michelle convida Anna para gerir e fazer renascer a moribunda livraria de Longhampton, é como se um sonho se tornasse realidade: para além de conquistar, finalmente, alguns momentos de paz longe das enteadas problemáticas e do dálmata hiperactivo, Anna é uma sonhadora completamente apaixonada por livros. 
Serão as histórias de amor, aventuras, jardins secretos, cães perdidos, bruxas malvadas e pêssegos gigantes a trazer nova vida à negligenciada loja. Anna e os seus clientes/leitores vão deixar-se levar pela magia. E nem a melhor amiga de Anna - a organizada e empreendedora Michelle, que diz categoricamente não acreditar no amor verdadeiro nem em princípes encantados - ficará imune ao espírito love is in the air.
Mas quando alguns segredos da infância de Michelle voltam para a atormentar e o fracasso familiar paira sobre Anna, poderá a sabedoria das histórias de encantar ajudar as duas amigas - e aqueles que elas amam - a encontrar os seus próprios finais felizes? 

Sobre a autora:
Lucy Dillon (1974) é uma escritora de origem escocesa que actualmente reside em Londres. 
O seu sonho de criança era ser bailarina, facto ao qual não será alheio o tema do seu primeiro romance: The Ballroom Class (2008). Sempre na onda do romance sentimental, em 2009 publicou Corações sem  Dono (Porto Editora) com o qual confirma o próprio público, predominantemente feminino, e conquista o reconhecimento de Romantic Novel of the Year.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pedacinho picks... Quinta Essência


Ainda me lembro do estrondoso impacto que o anterior romance da autora, Solstício de Verão, deixou em mim. Camuflado numa capa deveras romântica e bonita, encontra-se, e em muito para lá das páginas, um enredo provocador, irreverente e, em alguns aspectos, até mesmo escandaloso, mas, e verdade seja dita, eu não só o adorei - e devorei, claro está -, como também fiquei imensamente curiosa por descobrir mais imaginários da autora. Logo, esta é uma decisão mais do que óbvia, e um romance que tinha, forçosamente, de vir parar a esta rubrica. 
A Rapariga de Olhos Azuis, outra das escolhas da Pedacinho, para o corrente mês de Junho, com carimbo Quinta Essência. 

A Rapariga de Olhos Azuis
Tara Moore

Sinopse:
Anya Keating adora o seu trabalho como assistente de Macdara Fitzgerald, dono da deslumbrante propriedade Lismore e dos seus cavalos de corrida. Macdara é um patrão indulgente e generoso e Anya tem muito carinho por ele. Mas quando Macdara a pede precipitadamente em casamento, a amizade de ambos - e a posição dela - fica ameaçada, e Anya sente-se dividida entre a sua lealdade para com Macdara e os seus sentimentos pelo neto dele, Fergal, o belo treinador de cavalos. 
Eis que aparece Orla Fitzgerald, neta distante de Macdara. Orla pode ter deixado Lismore em criança, mas voltou uma mulher sofisticada e bonita. Tão bonita, de facto, que a maioria dos homens ficam encantados por ela - e Anya vê com crescente apreensão enquanto Orla tece a sua magia em redor de Fergal. 
No entanto, Orla pode não ser a rapariga de olhos azuis que os outros julgam. Há mistérios sombrios na vida da propriedade. O passado de Orla contém uma tragédia, e ela está determinada a reivindicar o seu direito de primogenitura, independentemente de quem se atravessar no seu caminho. 

Sobre a autora:
Nascida numa família de seis filhos, Tara Moore viu a luz do dia em Kildare, na Irlanda, mas passou a sua juventude no Médio Oriente. Sempre nutriu uma paixão pela escrita, mas isso foi inicialmente eclipsado pela sua paixão pela música, dança e namorados pouco indicados. Agora vive na bela cidade portuária de Ramsgate, em Inglaterra, com os dois filhos e o «amor da sua vida», o Dr. David Moore. 


terça-feira, 11 de junho de 2013

A mãe não me deixa contar, Cathy Glass [Opinião]




Título Original: Mummy told me not to tell
Autoria: Cathy Glass
Editora: Editorial Presença
Coleccção: Grandes Narrativas, N.º 549
Nº. Páginas: 278
Tradução: Ana Saragoça


Sinopse:

Esta obra é baseada na história real do pequeno Reece de sete anos, o último de seis irmãos a ser retirado aos pais biológicos e encaminhado para família de acolhimento ao abrigo de uma ordem judicial provisória. Cathy Glass é a sua quarta cuidadora num período de apenas um mês. O comportamento da criança revela-se desde logo agressivo, hiperactivo e caótico. Ao mesmo tempo, Reece sofre de um visível atraso no desenvolvimento e já foi excluído de duas escolas primárias devido à impossibilidade de o integrarem. Munida de infinita paciência e amor, Cathy começa a mudar o comportamento do rapazinho à medida que vai conquistando a sua confiança, mas apesar dos seus esforços não consegue chegar às razões profundas que perturbam Reece. Quando o interroga acerca do seu passado, esbarra sistematicamente com uma resposta: «Não sei.» Cathy tem noção de que Reece está a ser obrigado pela mãe biológica a guardar um segredo acerca de tudo o que diz respeito à família.


Opinião:

Existem segredos que nos ultrapassam. Que moem cá dentro, que corrompem o que de mais belo temos, que nos fazem agir erradamente e que nos quebram os ossos, colam os lábios e atam as mãos. Existem segredos capazes de destruir vidas, vidas pequenas e inocentes que deveriam ser por nós preservadas e amadas, cuidadas. Existem segredos que...

... A mãe não me deixa contar. Este é um romance que nos emociona e toca, que nos permite verter uma lágrima mas também esboçar um sorriso, mas que, acima de tudo, comove pela veracidade que demonstra e pela história sensível, revoltante e absolutamente perturbadora que conta. Não se tratando do primeiro relato do real que leio escrito por esta autora, sabia já, de antemão, mais ou menos o que esperar em termos emocionais, no entanto, o resultado acaba sempre por ser uma novidade, um espanto e uma renovada revolta pelas delicadas e ainda extremamente jovens vidas que por aí crescem no meio do caos.
Cathy Glass é, como muitos de vós sabem, um pseudónimo. Um outro e secreto—mas não como o segredo deste menino—nome utilizado por uma autora cuja necessidade de divulgar um pouco da sua humanidade enterneceu já milhares de leitores por todo o mundo. A sua escrita é incomparavelmente cativante e cheia de uma ternura, de um carinho que não só se encontra expresso ao longo das páginas como também é trespassado para o leitor, e este—eu, por exemplo—continua a muitas vezes não acreditar, a não conseguir verdadeiramente entender como é que vidas como estas, contadas por Glass, tiveram o começo que a sina lhes ofertou.

É-me um pouco difícil—bastante, para ser sincera—escrever sobre este livro, admito, pois trata-se de uma narrativa que me afectou tanto a nível emocional que simplesmente me escapam as palavras certas, se é que tais existem, para descrever o quão especial Reece—e os sete anos que, até ao começo da sua história, viveu—é, na realidade.
O que este esconde muito para lá da espessa e aparentemente impenetrável máscara social que são defensivamente usa é excepcionalmente singular, pois por baixo de todas as vivências erradas, de todos os despojos psicológicos, de todos os maus tratos físicos e verbais está um rapazinho inocente cujo maior desejo é sentir-se em casa, é ser amado. Reece é, à primeira vista e contacto, uma criança extremamente controversa e com uma série de defeitos, mas todos os seus problemas foram adquiridos através do hábito de uma contínua convivência incorrecta a todos os níveis. Custa-me pensar, reflectir e imaginar todos os males que este catraio sofreu ao longo de sete anos, mas, precisamente no outro espectro da equação, está também a salvação que Cathy Glass muitas vezes representa para estes meninos—o conforto e a aceitação que até então lhes era desconhecida.

É engraçado, sem o ser, como muitos dos entraves colocados no caminho da recuperação destas crianças órfãs e que fazem parte do sistema provém, precisamente, dos adultos que não conseguem ver para além de toda a negatividade escrita num papel. O preconceito e os julgamentos preconcebidos foram, são e sempre serão espinhos da nossa sociedade, mas não seria de esperar que, quando são meras crianças os alvos dessa ostracização, o comportamento fosse diferente, fosse mais benevolente? A mãe não me deixa contar não é, somente, uma história de começos complicados e finais—possivelmente—felizes; A mãe não me deixa contar é mais um de entre tantos outros livros que tentam, através do exemplo real, abrir os olhos de muitas pessoas e, quem sabe, dar voz a tantas outras que se escondem atrás de segredos forçados. Não é uma narrativa fácil, não é uma narrativa totalmente bela, mas é, e isso sim, um texto escrito com amor sobre uma mulher que salva vidas.

Gostei mesmo muito deste livro, e confesso que fiquei impressionada com o ritmo de leitura a que este me impôs—li-o no mesmo dia, aliás, não consegui descansar enquanto não virei a última página. Não só as palavras de Glass impressionam e destilam uma beleza única, como a sua dedicação àqueles que sofrem e aos que acaba por amar é, sem dúvida, das coisas mais bonitas e gratificantes de se ler. Os romances desta autora são já presença obrigatória na minha estante, e embora sejam relatos difíceis e muitas vezes violentos, acreditem quando digo que são histórias que não vão querer perder.
Uma aposta imensamente interessante por parte da Editorial Presença, numa abordagem verídica, crua e muitas vezes cruel da realidade que assola um leque quase restrito e escondido da sociedade. Leiam este livro, leiam esta autora.

Para mais informações sobre o livro, clique A mãe não me deixa contar 

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