sexta-feira, 3 de maio de 2013

Um Beijo Inesquecível, Teresa Medeiros [Opinião]





Título Original: A Kiss to Remember
Autoria: Teresa Medeiros
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 331
Tradução: Carmo Vasconcelos Romão


Sinopse:

Laura Fairleigh precisava de um marido. Se quisesse manter um teto sobre a cabeça dos irmãos, a orgulhosa filha do reitor teria de casar até ao dia do seu vigésimo primeiro aniversário. Ao encontrar inconsciente na floresta um misterioso desconhecido de rosto angelical e corpo de Adónis, que não se lembrava do nome e do passado, decide reclamá-lo como seu. Mal sabia ela que aquele anjo caído era afinal um demónio disfarçado. Sterling Harlow, o famoso devasso conhecido como o «Demónio de Devonbrooke», acorda com o beijo encantador de uma formosa jovem que lhe confessa ser ele o seu prometido. Com as faces beijadas pelo sol e sardentas, Laura é uma jovem inocente apesar do encanto feminino das suas curvas. Quando lhe garante ser ele um perfeito cavalheiro, Sterling pergunta a si próprio se, para além da memória, terá perdido o juízo. Juraria não ser homem para se satisfazer apenas com beijos - principalmente os da doce e sensual Laura. Tentando descobrir a verdade antes da noite de núpcias, um beijo inesquecível ateia a paixão que nenhum deles alguma vez esquecerá.


Opinião:

Por entre paredes que espelham uma casa vivida, escondem-se três corações palpitantes que buscam o impossível. Um, sonha com o crime perfeito, aquele do qual sairá impune e que o ajudará a levar para a realidade todas as histórias que somente leu no papel. Outro, deseja ser o homem que ainda não é, o sustento que não pode ser, e o árbitro de uma «vingança» que não poderá ser impedida. Por fim, temos o terceiro coração. O mais quente dos três, o mais sozinho. O que pede aos céus, o que promete vitórias e triunfos, em troca de uma fortuna que o salve, que o guarde, e que o ame.

Um Beijo Inesquecível é muito mais que uma capa bonita. É uma história cativante, sobre um amor improvável, que chega ao coração dos leitores como nenhuma outra. É um conto sobre a força de vontade de uma mulher para proteger aqueles que lhe são mais queridos, e sobre a ruptura abrupta de um muro emocional que uma personagem, um homem, construiu em seu redor dado uma infância que em nada, sentimentalmente, lhe foi abonatória.
Teresa Medeiros não era um nome totalmente desconhecido para mim, mas finalmente ter a oportunidade de desvendar a sua escrita transformou-se numa experiência incrível e irrepreensível. É verdade que, de quando em vez, este é um género que me cansa pela facilidade na construção do enredo, mas Medeiros tem uma escrita tão singular, e um humor tão pecaminosamente delicioso, que rapidamente me vi rendida às suas palavras e, principalmente, à sua história.

Leve e gracioso mas com um ritmo muito próprio, permitindo transparecer, ao leitor, todas as pequenas nuances de um amor disfuncional devido à disparidade das classes sociais da altura, características vitais nos romances de época, esta é uma história que enternece pela beleza de um acto impulsivo, impensado, mas que visa salvar vidas, e pela auto-descoberta e auto-conhecimento que duas personagens acabam por encontrar, desvendar uma na outra. Seja na pele de Nicholas ou no ímpeto de Sterling, este «Demónio de Devonbrooke» é uma força da natureza que não só se traduz num regalo aos olhos e a todos os outros sentidos, como igualmente exerce um encanto do outro mundo pela personalidade vincada e persistente que nunca o abandona, mas que, numa dada situação imemorável, lhe possibilita abraçar um outro lado seu, mais carinhoso, mais ternurento, que de outra forma poderia passar despercebido, talvez até a ele mesmo, para sempre. No extremo oposto, Laura, de uma delicadeza e bondade impressionantes, encontra-se uma protagonista que não se deixa levar pela ingenuidade comum dos seus pares, e que, mesmo indo contra todas as regras, mesmo indo contra a lei, de tudo fará para não ver aquele que foi o seu lar, o seu refúgio, ser-lhe arrancado do coração.

Este é, para mim, um romance feito de pormenores. Desde as infinitamente profundas e íntimas frases que iniciam cada capítulo e que, no seu todo, representam um dos elementos mais importantes da narrativa, ao gatito amarelinho que despoleta toda uma série de sensações familiares numa mente esquecida pelo desastre, passeando ainda por uma personalidade de criança maliciosa que, das formas mais extraordinárias possíveis, tenta levar a sua avante, e por toda uma vila pontuada pelo conforto da modéstia, sem dúvida de que são singelos momentos como estes, de entre tantos outros, o que torna este livro tão especial. Aliás, este romance é um autêntico mimo. O bálsamo perfeito para qualquer alma romântica. A frescura rejuvenescedora e absolutamente hilariante, divertida, para estes dias quentes que se aproximam. Uma leitura irresistível para qualquer coração apaixonado, e para qualquer mente sonhadora. Muitos serão os desejos enamorados após findo este folhear de páginas, e ainda mais serão os sorrisos satisfeitos, carinhosos e conhecedores a avivar o rosto daqueles que se deixarem perder na aventura inesquecível, irresistível, completamente louca de Laura Fairleigh. Se antes pensava saber já tudo sobre o amor, engana-se. De certeza que nunca leu uma história assim.

Uma aposta a não perder, por parte da Quinta Essência que, uma vez mais, mostra o seu lado mais feminino e romântica num romance de época que retrata os ideais da altura de forma perfeita. Gostei muito e mal posso esperar pela publicação de mais obras da autora.

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