segunda-feira, 29 de abril de 2013

Predestinados, Josephine Angelini [Opinião]





Título Original: Starcrossed
Autoria: Josephine Angelini
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 366
Tradução: Inês Castro


Sinopse:

Como se desafia o destino? Uma maldição que nem os deuses conseguem vencer.
Helena Hamilton tem dezasseis anos e passou a vida inteira a tentar esconder o facto de ser muito diferente, o que não é tarefa fácil numa ilha tão pequena e resguardada como Nantucket. E está a tornar-se ainda mais difícil. Pesadelos com a travessia desesperada de um deserto fazem com que acorde desidratada e com os lençóis estragados de sujidade e pó. Na escola, é assombrada com alucinações de três mulheres a chorarem lágrimas de sangue... e, quando se cruza pela primeira vez com Lucas Delos, não percebe que estão destinados a desempenhar os papéis principais numa tragédia que as Parcas insistem em repetir ao longo da história.
À medida que Helena vai desvendando os segredos da sua ascendência, compreende que alguns mitos são mais do que simples lendas. Mas mesmo os poderes de semideuses poderão não ser suficientes para desafiar as forças que compelem Lucas e Helena a juntar-se... e que, ao mesmo tempo, tentam separá-los.


Opinião:

Nantucket não é, somente, uma ilha perdida no mapa, onde nada de mágico acontece, e onde o conforto familiar do reconhecimento é o sentimento que impera. Não. Ao contrário do que muitos possam pensar, Nantucket é o berço aconchegante da idealização física, algo humana até, de uma das mais belas, mais impressionantes e mais ferozmente disputadas mulheres que a História conheceu. Helena de Tróia vive no espírito de uma jovem adolescente que sempre procurou camuflar-se na multidão, mas quando aquele que lhe foi destinado aparece no lugar mais remoto do mundo, nada poderá, alguma vez, ser o mesmo.

Predestinados conta uma história que em tudo difere da dita fantasia YA que, aos poucos, tem vindo a povoar as estantes dos muitos leitores do género. Este é um livro tão único, tão especial e viciante, que se torna extraordinariamente difícil falar sobre ele, pois as suas particularidades, os pequenos pormenores que o tornam tão distinto, são tantos e tais, que abordar um dado momento sem divagar sobre os tantos outros surpreendentes que surgem ao longo do livro é, quase, um crime.
Josephine Angelini foi uma muito agradável surpresa. O seu estilo narrativo é absolutamente brilhante, com uma escrita simplificada mas algo poética, efémera, e uma conjugação genial de acontecimentos chave que visam enriquecer uma história de si já magnífica. No seu texto, nada é deixado ao acaso e tudo é de uma importância extrema para o futuro da humanidade. Deuses, semideuses e meros humanos, este é um enredo de perdições, de sorrisos e lágrimas, de luta e aventura.

A normalidade nunca foi um sentimento, uma sensação crescente que Helen sentisse fazer parte da sua vida. Mais cedo ou mais tarde, algo de extraordinário, de peculiar sobreviria no seu caminho fazendo com que as suas habilidades fora do comum fossem a teia capaz de interligar todas as pequenas peças perdidas, quebradas na estrada. Talvez por isso, Helen nunca antes se tivesse permitido importar, rejuvenescer num círculo social mais evidente, mas em todo o caso, encontrou em Claire a amizade e o apoio que sabia com que sempre poder contar—até conhecer Lucas.
Os Delos são uma família, no mínimo, diferente, mas em nada menos cativante. E é por ter um agregado tão vasto e peculiar que as atenções de todos os habitantes da ilha recaem em si. Muitos são os segredos que escondem, as minúcias que ocultam, mas conseguirão sobreviver ao impacto visceral de conhecer Helen?

Não existem palavras suficientemente fortes e dignas para descrever o quão fenomenal e inesquecível é este leque de personagens criado por Angelini. A forma como se expressam, como deixam a sua marca no leitor, como comunicam entre si, como se emocionam, amam, odeiam, questionam, é, sem dúvida, memorável e se este não for o aspecto de grande brilhantismo neste romance, de certo que é um dos que mais impressiona. Hector e Claire, a par com Helen, a protagonista, foram os nomes que mais se destacaram, na minha opinião. O humor característico de Claire é inebriante e os fortes sentimentos que nutre por Helen tornam-na na amiga que todo o ser humano deseja ter do seu lado. Quanto a Hector, foi simplesmente uma personagem que me compadeceu e me fez apaixonar. Os seus dilemas e o desfecho traumático com que encerra a sua participação neste primeiro volume da trilogia é electrizante, e eu mal posso esperar por saber que destino cruel lhe foi concedido.

O cenário pode não ser o mais impressionante ou esperado para este tipo de enredo, mas, sem dúvida de que é o ideal tendo em conta a liberdade de movimentos e descobertas ofertada às figuras principais que se encontram num longo processo de auto-descoberta. Foi incrível, maravilhoso até, percepcionar cada crescimento, cada revolta e cada passo em favor do amor. Foram momentos absolutamente emocionantes, descritos nas mais belas das palavras.
Os vários temas que Angelini foca é outro dos vários elementos de grande interesse presente nesta singular trama. Aqui fala-se de amizades indestrutíveis, de primeiros amores que despontam, de confianças que se perdem e vinganças que geram laços inesperados, de lutas contra o desconhecidos e de destinos escritos no céu. Desde o sofrimento de uma perda inigualável à descoberta de um futuro tremido, as mensagens que se perpetuam pelos leitores estão lá, e não há como se lhes fugir.

Adorei este livro, as suas personagens, os seus momentos de nervosismo miudinho, e ainda hoje não consigo totalmente compreender o porquê de ter levado tanto tempo a pegar-lhe. Penso estar bastante claro, no decurso desta opinião, o quão especial e único é este romance, e os vários motivos, razões que me fizeram apaixonar por tudo o que a ele se refere.
Uma aposta 5***** por parte da Planeta Manuscrito, numa obra decididamente obrigatória para todo e qualquer admirador de fantasia juvenil, com o acréscimo de neste livro, em particular, o tema central ser a mitologia grega que tantos mistérios engloba. Fantástico!

2 comentários:

Liℓiαnα☆ disse...

Serei a única a detestar as traduções de Inês Castro? Horrível!
Usa nos diálogos e no próprio texto traduções muito à letra, ninguém dialoga daquelas maneiras tipo:
- Verdade?
- Sim. Verdade.
E muitas mais coisas sem nexo.
Detestei a tradução no "Predestinados" e "Quando aqui estavas", até perdi o interesse de ler a continuação de "predestinados". O pior é que as histórias nem são más, mas considero que ela estraga os livros com a tradução. >.<

Pedacinho Literário disse...

Ultimamente, e por acaso, não tenho olhado para os tradutores — além de que muitos dos livros que vou opinando por aqui são lidos, por mim, no original daí também não reparar tanto neste tipo de pormenores. Porém, acho que deverias mesmo de dar mais uma oportunidade a esta trilogia... que é já das minhas favoritas dentro do género! É tão, mas tão boa! E em última instância podes sempre ler no original... ;)

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