quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sedução, Bella Andre [Opinião]




Título Original: Ecstasy
Autoria: Bella Andre
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 168
Tradução: Maria das Mercês de Sousa


Sinopse:

Charles Gibson é um escritor de êxito, mas devido aos temas que escreve afasta as mulheres e sujeita-se a blind dates que os amigos lhe propõem. Candace Whitman, recém-chegada à literatura erótica, tem encontrado diversos obstáculos pelo caminho. Cansada de ser criticada, decide ir a uma conferência de escritores com o objectivo de aprender, onde acaba por conhecer o seu ídolo: Charles Gibson, o autor bestseller de romances eróticos. Charles propõe-lhe cinco lições para lhe ensinar as noções básicas do erotismo, criação de cenas, ou seja, conselhos muito válidos para obter bons resultados. Mas o que nenhum dos dois esperava era que as lições teóricas passassem à prática. Infelizmente, a desilusão de Candace em relação ao novo romance que está a escrever – no qual Charlie desempenha o papel principal – ameaça-lhes a possibilidade de desfrutar de um amor verdadeiro. Conseguirá ela separar a fantasia da realidade?


Opinião:

Podem ser aqueles livros que nos deixam envergonhadas no metro, ou aquelas histórias que suscitam a nossa curiosidade quando as vemos passar ao nosso lado, ou ainda os tais romances que queremos ler... mas que não temos coragem de pegar na livraria, de folhear em casa com o namorado, ou de novamente arrumar dentro da mala quando nos é impossível encontrar a carteira numa qualquer loja de rua. Seja como for, o género erótico e sensual tem vindo a ser uma presença assídua em muitas estantes e, tratando-se do típico romance de moda, não há como lhe conseguir resistir... pelo menos por muito tempo.

Sedução pode parecer ser mais uma de entre muitas outras obras que abordam o amor de forma provocadora, carnal e crua, e onde a paixão e a volúpia tomam o controlo total da narrativa, mas a verdade é que, mesmo em tão poucas páginas, este consegue ser um enredo que apresenta o seu quê de novidade e sensualidade, adquirindo um erotismo e lascívia muito próprios de uma escrita que se mostra bem mais simples e directa, áspera, rude, que o normalmente encontrado.
Bella Andre não pretende complicar, Bella Andre não pretende elevar o seu sedutor livro ao estatuto de obra-prima. O que Bella Andre realmente ambiciona é relatar a história de afecto, a envolvência física e a necessidade básica e emocional existente entre um casal de protagonistas comum e mostrar, aos seus leitores e ao mundo, o poder do perdão e a força de um sentimento tão rudimentar e, ao mesmo tempo, essencial como é o caso do amor.

Embora particularmente centrado nas acções, desejos e vontades partilhadas por Gibson e Candace e, assim, desenvolvendo o que de importante e fundamental se vai passando na vida destas duas figuras, foi, para mim, o casal ficcional do romance de Candace aqueles que realmente me fizeram palpitar o coração, me apressaram a virar as páginas, me fustigaram a curiosidade até mais não. É que mesmo tendo Gibson e Candace um relacionamento bastante activo e criativo, onde se encontram presentes as várias formas de entrega e confiança, de companheirismo e amizade amorosa, são a inocente Jolene e o misterioso Zane os intervenientes, ainda que secundários, que elevam o erotismo e a sensualidade ao seu exponente máximo. As descrições selvagens e baseadas no instinto que atravessam a mente de Candace até lhe aprontarem os dedos, e o secretismo, o fruto proibido e pecaminoso que é escrevê-las, que é imaginá-las uma vez mais, transmitem toda uma série de sensações que facilmente roçam a adrenalina literária do real e que rapidamente vão de encontro a um leitor mais sensível e não preparado.

Outro elemento que achei interessante recai, precisamente, na vertente romancista que Sedução hospeda nas suas páginas, ao retratar Candace como uma mulher algo perdida cujo sonho e anseio em se tornar uma escritora de romances eróticos a leva a uma convenção literária que a mim muito me agrada no sentido em que se apresenta como um mundo cheio de ideias e livros. É assim que ela vai de encontro a Charles Gibson, que é referido como um conceituadíssimo autor do género. Assim, para além da componente romântica que envolve uma relação emotiva criada através da experiência e da descoberta, da pesquisa factual dos sentidos, vem também a descoberto a real paixão por um género literário, o embaraço que o mesmo ainda provoca na população em geral e as dificuldades que a construção de um livro pode acalentar.

Quanto a mim, esta foi uma trama que fluiu velozmente tanto pelo seu tamanho como pelo interesse e facilidade que o conteúdo inspira, e que, principalmente, serviu o seu propósito, que foi o de entreter. Em pouco mais de duas horas estava lido e ainda que não seja um romance que envolva muita construção narrativa ou a nível das personagens, dúvidas não existem de que é, e isso sim, bastante provocador. Admito que gostava de ter presenciado um maior desenvolvimento das ideias da autora, tanto a nível da história principal como do romance erótico em si, mas esse não foi também um factor determinante o suficiente para me fazer desgostar do livro.

Uma interessante aposta por parte da Planeta Manuscrito que, cada vez mais, tem vindo a conquistar o mercado pela variedade – e qualidade! – das obras que publica. Com uma capa chamativa e a ser lançado na altura certa, este é um romance divertido e simples que, certamente, agradará aos mais curiosos pelo género. Gostei.

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